Audiência sobre segundo quadrimestre da saúde trouxe diversos questionamentos de vereadores

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Ocorreu na última quinta-feira (30) audiência pública sobre os resultados da saúde municipal durante o 2º quadrimestre de 2021. O secretário municipal de Saúde, Renan Irabi, fez a demonstração e avaliação do cumprimento das metas do período.

A audiência atende dispositivo da Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). A Comissão de Educação, Cultura, Saúde e Assistência Social é presidida, em 2021, pelo vereador Cornélio da Farmácia (PL).

Perguntas dos vereadores

Depois da explanação inicial do secretário, os vereadores puderam direcionar seus questionamentos.

Luciana Bernardo (PDT): “A gravidez na adolescência é um tema de várias secretarias, mas eu gostaria de saber se a da saúde tem algum trabalho nesse sentido. Outra questão seria a respeito das reuniões do comitê que trata da mortalidade infantil”, indagou.

Renan respondeu que, em relação à gestação na adolescência, há um programa de saúde na escola que costuma trabalhar isso. Por conta da pandemia estava parado, mas está sendo retomado agora. “Esperamos mostrar o resultado desses programas mais para frente. Em relação ao comitê de mortalidade infantil, as reuniões acontecem toda última terça-feira do mês, vale a pena participar”, disse.  

A fila de exames de ressonância magnética e a demora do atendimento no pronto-socorro da Santa Casa foram temas das perguntas de Carlos Eduardo Franco (Cidadania). “Quantos médicos estão atendendo efetivamente? É obrigatório seguirmos o sistema Manchester? O tempo de espera está sendo cruel com as pessoas lá fora. Precisamos ter um sistema de ônibus 24 horas ou algum veículo que leve essas pessoas porque hoje a gente tá vendo que a UPA tem poucas reclamações, presta bom atendimento, só que para algumas pessoas se deslocar até o UPA fica muito difícil”, afirmou.  

Renan declarou que há uma fila de aproximadamente 1.200 ressonâncias. “Estudamos fazer um mutirão desses exames. É mais um tipo de procedimento que era para ser feito pelo estado ou federação e o município acaba assumindo. Devemos anunciar no máximo em duas semanas um programa para diminuir essa fila de ressonância”, disse. Com relação à Santa Casa, o secretário declarou que “os pacientes que puderem ir direto ao UPA obviamente é melhor, pois o tempo de espera é reduzido. O local tem ambulância para leva-lo à Santa Casa se for um caso mais complexo e houver necessidade de remoção. A respeito da questão dos ônibus, infelizmente, eu não posso responder porque não faz parte da minha pasta, mas seria interessante ter uma linha que passasse durante a madrugada para levar os pacientes. Inclusive conversamos com o prefeito a esse respeito, que disse que vai conversar com a empresa para tirar isso do papel”, declarou. Ele também explicou que o Manchester é um sistema de triagem para classificação do paciente que procura uma unidade médica de emergência e urgência. Ao chegar no pronto-socorro da Santa Casa ou UPA, ele é avaliado por um enfermeiro, que mede temperatura, pressão arterial, saturação, frequência cardíaca e respiratória e as principais queixas clínicas. Baseado nisso tudo colhe dados desse paciente e o classifica em cores (azul, verde, amarelo ou vermelho). “Eu entendo o desconforto em deixar esses pacientes esperando às vezes um tempo muito grande. Temos feito tratativas com a Santa Casa na tentativa de melhorar isso. Acredito muito que com essa solução da linha de ônibus a gente consiga resolver mais ainda porque esses casos de baixa complexidade podem ir diretamente à UPA ao invés da Santa Casa”.

Crédito das fotos: Thais Araújo

Leila Bedani (PSDB): “a vasectomia estava zerada e teve 22 atendimentos nos últimos quatro meses. Por que que os atendimentos ficaram parados anteriormente?”, indagou. Ela também relatou espera da segunda dose da vacina da Covid-19 em outras cidades.

Renan: “Eu não consigo te dar um motivo de por que as cirurgias estavam paradas. Eu sei que, em parceria com a Santa Casa, conseguimos incluir essas cirurgias de vasectomia e algumas laqueaduras e a ideia é que amplie cada vez mais. Realmente vemos alguns cenários relacionados à vacinação país afora que chamam bastante atenção, principalmente pela questão da espera. Nós, da secretaria de saúde, temos que pensar no macro, no que vai afetar a população de cada bairro. Eu fico bastante feliz pela campanha de vacinação, que tem corrido da melhor forma possível”, relatou.

Doutor Ulysses (PSD): “No enfrentamento da Covid, nós temos uma previsão de quando teremos a cidade inteira imunizada?”. Ele também elogiou o atendimento em Unidades de Estratégia de Saúde de Família, saúde bucal e da questão da cirurgia de catarata, principalmente em função do orçamento apertado.

“É muito importante você ressaltar essa questão das contas em dia. Gastou-se muito dinheiro com a pandemia. Mesmo assim a gente está conseguindo lançar mão de algumas coisas, como por exemplo zerar a fila de catarata. A gestão do prefeito é baseada nisso: pagar as contas e ofertar o melhor serviço à população. Eu acredito que até no máximo a primeira semana de novembro a gente tenha conseguido concluir a segunda dose de todas as pessoas que quiseram ser vacinadas, e em seguida começam as doses adicionais. O Ministério da Saúde e a Central de Vigilância do Estado determinaram que nesse primeiro momento se o paciente tomou a sua segunda dose ou a dose única há mais de seis meses e tem mais de 60 anos ou é imunossuprimido já pode tomar a dose adicional. Esta pode ou não ser da mesma marca do primeiro imunizante. Começamos a aplicá-la em sistema drive-thru no SUS em pessoas com mais de 90 anos, mas infelizmente temos observado uma baixa adesão. Não sei se as pessoas têm receio de que a vacina vai ser diferente da que elas tomaram primeiramente, mas reforço que isso é importante para a gente continuar mantendo as pessoas protegidas.

Júnior Cecon (DEM) apontou um gargalo na saúde mental na cidade, por não termos clínica psiquiátrica. “O que está sendo feito principalmente nas questões de internação? Estamos caminhando nesse sentido para ter um convênio?”, perguntou o vereador, que também apontou a possibilidade de investimentos em relação aos profissionais da saúde que atuam na pandemia.

Renan respondeu que, no fluxo da saúde mental, os pacientes precisam de um atendimento inicial, em que não há necessidade de internação. Ele consegue inclusive ir diretamente ao CAPS-II ou CAPS AD dependendo do caso, onde encontra atendimento inicial com psicólogos e, se houver necessidade, é encaminhado ao psiquiatra. Alguns casos necessitam de internação e hoje utiliza-se a Santa Casa. “Agora com a diminuição dos casos da Covid, eu acredito que poderemos programar um lugar específico no hospital para atender esses pacientes. A UPA consegue nos dar um suporte nesse sentido, mantendo o paciente hospitalizado no leito até que o Estado ceda uma vaga em algum hospital. A gente sempre reforça que o nosso orçamento é justo e estamos tentando fazer uma gestão dos contratos, justamente para que a população possa ter uma melhor assistência. O prefeito tem um trânsito aberto com o Palácio dos Bandeirantes, o que eu tenho certeza que vai facilitar muito a nossa vida no sentido de conseguir verbas específicas para construção de unidades, como terminar a policlínica”, declarou. Sobre os profissionais, lembrou que o Sesmt (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) atende todos os trabalhadores não só da saúde, como da Prefeitura como um todo, onde encontram suporte psicológico.

Washington Bortolossi (Cidadania): “um assunto que tem gerado polêmica em algumas decisões inclusive envolvendo o Ministério Público e órgãos do Governo é a questão do passaporte da vacina. Há posicionamento oficial da secretaria de saúde em relação a isso?”, questionou. Ele destacou ainda o aumento de óbitos, comparando os segundos quadrimestres de 2020 e 2021, de três para oito casos de mortalidade infantil, bem como o de dez para 22 de mulheres em idade fértil.   

O secretário de saúde relatou que: “a mortalidade infantil realmente é um número que chamou bastante atenção. Estamos tentando entender o que aconteceu. De antemão sabemos que os bebês são prematuros extremos, que às vezes nascem com 23 a 25 semanas de gestação. Sabe-se que um percentual das mães deixou de frequentar as consultas de pré-natal por diversos motivos. Além disso, mulheres em situação vulnerável, que faziam uso de álcool ou entorpecentes, prejudicaram o crescimento e a gestação dessas crianças. Temos buscado com o comitê respostas para tentar melhorar e refletir essa situação. Já os óbitos de mulheres em idade fértil infelizmente em parte adoeceram com a Covid”. Com relação ao passaporte da vacina da Covid, disse que a secretaria espera o final da vacinação para ver qual o percentual do público atingido. “Se 99% da população vacinar não faz muito sentido o passaporte, então vamos esperar ao final desse mês para ter uma decisão mais assertiva sobre isso”, disse.

Com o microfone aberto ao público, fez uso da palavra Jurandir Teixeira, conselheiro municipal de saúde. “Quanto veio de recursos federais para o município nesse segundo quadrimestre?”, perguntou. “Sobre vigilância em saúde, contabiliza 31 funcionários – quantos deles são fiscais? Pelo menos no meu bairro quando eles precisam da verificação de fiscais a demora é grande, não sei se por burocracia ou por falta de funcionário. Então seria uma correção para melhorar isso. Precisamos que seja mais rápido o atendimento quando o reclamante fizer esse pedido”, enfatizou.  

“Os recursos financeiros enviados pelo Ministério da Saúde foram neste quadrimestre de R$ 14.258.790,79. Em relação à questão dos fiscais da Vigilância Sanitária, na verdade, e são 10 agentes de endemia, mais cinco fiscais e mais um agente de saneamento, totalizando 16”, disse Renan.