Dia Mundial de Combate às Drogas é tema de evento no Teatro Ralino Zambotto

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“Vida: Uma Luta de Todos” foi uma realização da Câmara em parceria com a Prefeitura de Itatiba

Na última terça (26), ocorreu no Teatro Ralino Zambotto o ciclo de debates ‘Vida: uma luta de todos’. A data escolhida é o Dia Mundial de Combate às Drogas. O evento foi uma realização da Câmara Municipal de Itatiba e da Prefeitura de Itatiba, com apoio da Libra (Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil), Jornal de Itatiba, ITV e TCI.

O psiquiatra Dr. Altino Almeida foi o primeiro palestrante. Ele apresentou os principais conceitos, classificação, efeitos farmacológicos, síndrome de dependência, tratamento e prevenção da dependência de substâncias psicoativas (SPA).

De acordo com a CID-10 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde), a dependência consiste no desejo ou senso da compulsão para consumir a droga; dificuldade de controlar o comportamento de consumir a substância; estado de abstinência fisiológico; evidência de tolerância; abandono progressivo de interesses; persistência do consumo, a despeito da consciência de consequências manifestamente nocivas.

“É difícil para todos conhecer suas próprias limitações. Com o dependente químico, não é diferente. Daí a importância de grupos de apoio, como o Alcoólicos e Narcóticos Anônimos”, declarou Altino.

Em seguida, o Secretário Municipal de Educação, Anderson Sanfins, expôs dados do Relatório Brasileiro sobre Drogas (2009). Segundo a pesquisa, na faixa de 10 a 12 anos de idade já se observou uso de drogas em 12,7% dos estudantes, sendo a região Sudeste a que apresentou a maior porcentagem: 15,1.

“O professor é quem tem o contato e confiança da criança e do adolescente. Um posicionamento sério de um professor pode fazer a diferença na vida do aluno”, disse Anderson, que também destacou a importância de palestrantes que tem ido às escolas debater o tema, bem como a existência de atividades no contraturno escolar.

Ele apontou, ainda, o trabalho conjunto da Secretaria de Educação com outros órgãos, como o CAEPI (Centro de Atenção Educacional, Psicossocial e Inclusiva), Conselho Tutelar, ONGs, etc.  “Nós temos buscado trabalhar com a união dos diferentes responsáveis”, disse.

O coordenador do CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas), Remus Stancu, apontou que “o abuso de substâncias e saúde mental como depressão e ansiedade estão intimamente ligados”. Muitas pessoas abusam do álcool ou drogas buscando aliviar sintomas de um transtorno mental ainda não diagnosticado. Esse uso pode aumentar o risco subjacente para transtornos mentais. Por isso, ele ressaltou a importância de se conhecer e lidar com as próprias emoções.

Para o psicólogo José Galvão Roson, especialista em dependência química, “há uma grande hipocrisia na sociedade, relativa a drogas lícitas e ilícitas”. Ele também lembrou a importância do exemplo dos pais, da autoestima das crianças e da presença de psicólogo nas escolas.

Perguntas

No final do evento, o público fez perguntas aos palestrantes.

Sobre as maiores dificuldades para dependente químico além do tratamento, Remus destacou a importância de compreensão da doença. “O dependente fica preso ao estigma e acaba voltando ao vício”. A respeito dos tratamentos, ele lembrou que o CAPS AD é aberto a todos, inclusive familiares, que buscam por auxílio.

Muitas foram as perguntas sobre a maconha. Para Galvão, “a maconha é uma das piores drogas disponíveis hoje, juntamente com o álcool” e pode aumentar o risco de consumir outras substâncias. Sobre o tema da legalização, Remus se posicionou contrário. Porém, apontou ressalva a respeito dos benefícios medicinais da planta.

Por fim, Altino respondeu pergunta sobre uso de medicamentos para os transtornos mentais. Segundo o psiquiatra, os tratamentos são voltados aos sintomas e comorbidades. Assim, o  uso de medicamentos depende de cada caso. As terapias também variam muito (hospital psiquiátrico, comunidades terapêuticas etc).

Música e solidariedade

Além do importante debate, o público pôde conferir o som de Mateus Terra. O músico, que se apresentou no começo e ao final do evento, trouxe um amplo repertório de música popular brasileira. Foram arrecadados alimentos não perecíveis, que serão destinados a entidades beneficentes da cidade.