Na noite desta segunda (9), o Teatro Ralino Zambotto recebeu a palestra “Juntas somos mais fortes II – Como a empatia e a sororidade podem aumentar o poder das mulheres”, com a jornalista Lídice Leão. A realização é uma parceria da Câmara com a Secretaria Municipal de Educação. O público reuniu, principalmente, professoras da rede municipal de ensino.
O duo Juliana Dutra e Rodrigo Siqueira abriram o evento com repertório de Música Popular Brasileira. Ao longo da palestra, o público pôde realizar tratamentos faciais com consultoras da Mary Kay.
A palestra da noite ficou a cargo de Lídice Leão. Ela é mestranda em Psicologia Social pela USP, articulista do Jornal do Brasil em temas voltados para as mulheres, apresentadora do programa #Feminismos e assessora de comunicação. Trabalhou em diversas emissoras de TV, rádio e jornais.
A palestrante iniciou mostrando a linha do tempo das lutas femininas. Ela exibiu trecho do livro “Mulheres, raça e classe”, da professora americana Angela Davis. Na obra, a autora relata que em 1908, nos Estados Unidos, ativistas retratavam as mulheres negras e de classes mais baixas como as mais vulneráveis da sociedade. “Dá angústia ver que de lá para cá as reivindicações continuam muito parecidas”, disse Lídice.
A jornalista também explicou o conceito de sororidade, que é análogo ao de fraternidade (amor entre irmãos). A palavra vem do latim “soror” que significa “irmã”; ou seja, a essência da sororidade é a união entre as mulheres. “Ao invés de se julgar, a gente tem que se unir”, declarou.
A questão da violência doméstica também foi abordada. Lídice contou a história de Maria da Penha, que suscitou a criação da lei de mesmo nome em 2006. A farmacêutica sofreu duas tentativas de feminicídio, ficando paraplégica. O episódio chegou à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que pressionou o Brasil politicamente.
A palestrante lembrou, ainda, que o Brasil é o quinto lugar no mundo em número de feminicídios. Esta marca expressiva garante importância à Lei 13.104/2015, que tipificou o crime. “Se lutarmos para garantir educação e igualdade social, também estamos lutando contra a violência doméstica e o feminicídio”, afirmou.
Perguntas
Lídice abordou outros tópicos na parte aberta a perguntas. Uma delas foi se a exposição da violência contra a mulher na mídia faz aumentar o número de casos. “Em geral, a gente precisa se expor e falar, a exemplo de Maria da Penha”. Ela lembrou o tema do suicídio, que tem sido mais divulgado, o que é visto por ela como positivo para redução desses episódios.
Outra pergunta foi sobre a impunidade dos agressores, como a do ex-marido de Maria da Penha, que ficou preso por apenas dois anos, já que o crime prescreveu. Para Lídice, deve haver uma pressão na mídia, redes sociais e política, para que o Código Penal seja modificado nesse sentido.
Por fim, uma participante deu seu testemunho de violência psicológica e física sofrida por muitos anos do ex-companheiro. Ela teve a coragem de denunciá-lo, porém, teve que mudar de cidade para que ele não a encontrasse. “A gente não pode mais admitir esse tipo de coisa. Relacionamento é respeito”, disse a mulher.