Palestra “Neta de Hiroshima” destaca os aprendizados dos japoneses após os ataques às bombas

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O evento contou com a presença dos alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos)

A Câmara Municipal de Itatiba, em parceria com a União Cultural Nipo-Brasileira de Itatiba – Nibrait, realizou, na última quinta-feira (26), a palestra “Neta de Hiroshima”. Luciane Gomes foi a convidada da noite para falar sobre como o Japão e as gerações posteriores à Segunda Guerra Mundial superaram os horrores dos ataques à bomba atômica.

O evento, realizado no Plenário Vereador Abílio Monte, foi voltado à comunidade escolar. Compareceram os alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) das EMEB’s Professora Nazareth de Siqueira Rangel Barbosa e Professora Inês Prado Zamboni. Também marcaram presença o vereador e presidente da Nibrait Itatiba, Hiroshi Bando; e Elizabet Tsumura, idealizadora da exposição.

A palestra encerrou a programação ligada à exposição “Hiroshima e Nagasaki: Os Limites da Barbárie e as Lições para a Humanidade”. A mostra, que ficou exposta até o dia 27, reuniu painéis e maquetes traçando a história dos bombardeios às cidades japonesas, ocorridos em agosto de 1945.

Educação e resiliência – legado dos japoneses após a guerra

Luciane conta que seus avós se mudaram para o Brasil em 1928 – antes dos ataques às bombas atômicas, nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Eles eram da família Yoshinaga, que morava no estado de Hiroshima.

Em um vídeo de sua tia, Satiko Yoshinaga, sobrevivente da bomba, a palestrante salienta a importância que o Japão dá aos estudos. “Mesmo com a devastação das cidades, após os ataques, eles nunca pararam de estudar, de ir à escola. A preocupação em esconder os livros para preservá-los durante a guerra era uma constante”.

A valorização da educação pelos japoneses foi constatada pessoalmente por Luciane, quando ela se mudou para o país a trabalho. “Com 22 anos, fui para lá. Na fábrica que eu trabalhava, comentei que era professora no Brasil (no Japão, os professores são chamados de ‘senseis’). A partir deste dia, todos passaram a me tratar como autoridade. Precisamos aprender muito com os japoneses a dar valor ao professor”, disse.

Dentre as heranças deixadas pelo aprendizado com a guerra, Luciane destaca a resiliência: “Os japoneses adquiriram um poder transformador de se reerguer, de se reinventar. É como a flor-de-lótus, que tem suas raízes na lama e no lodo dos lagos. Suas sementes podem aguentar até 30 séculos antes de florescer, sem perder sua fertilidade”, comenta.

Programação

Ao longo do mês de setembro, a exposição ““Hiroshima e Nagasaki: Os Limites da Barbárie e as Lições para a Humanidade” abarcou uma série de eventos, dentre oficinas e palestras. Cerca de 500 pessoas, entre elas, muitos estudantes, compareceram aos eventos. Nas oficinas de origami, coordenadas por Hiromi Kamakura, os participantes confeccionaram 1.270 tsurus. As dobraduras, que representam a ave sagrada japonesa, serão enviadas ao Parque Memorial da Paz de Hiroshima.