Importantes pautas são debatidas em 1º Simpósio de Promoção da Cidadania LGBTQIA+ de Itatiba  

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A Câmara Municipal de Itatiba promoveu na noite da última quinta-feira (26) o 1º Simpósio de Promoção da Cidadania LGBTQIA+. O evento foi realizado no Teatro Ralino Zambotto e reuniu autoridades, militantes da causa e palestrantes.

A vereadora Luciana Bernardo representou o presidente Ailton Fumachi, que não pode estar presente por problemas de saúde. “Agradeço o apoio da Prefeitura, vereadores, entidades e palestrantes. A Câmara é a Casa do Povo e vai ter diversidade sim!”, declarou. O secretário de Cultura e Turismo, Luis Soares, afirmou a importância de derrubar os preconceitos impostos por nossa sociedade patriarcal.

Palestras

Jamerson Oliveira, idealizador do Grupo Família LGBTQIA+ de Itatiba, ressaltou a importância do simpósio e dos que lutaram pela causa. “É necessário que sejam realizados eventos como esse o ano todo a fim de unir e reivindicar direitos”. Ele pediu salva de palmas para Deise Oliveira, transsexual itatibense. “Antes que existissem leis voltadas à defesa da comunidade LGBTQIA+, ela estava realizando paradas na cidade, algo inesperado”, lembrou. O ativista também ressaltou a importância de colocar o assunto no centro do debate e políticas públicas.

Sammy Fortes, do CAIS – Centro de Apoio e Inclusão Social para Travestis, Transexuais e Pessoas em Vulnerabilidade de Jundiaí e Região, falou do ativismo por conta de sua vivência transsexual. “A letra T infelizmente é a mais invisibilizada. Um exemplo atual foi um levantamento inédito do IBGE que incluiu a diversidade sexual, mas não a de gênero”, disse Sammy, que também integra a Antra – Associação Nacional de Travestis e Transexuais. Por fim, ressaltou a importância da luta: “Enquanto formos existência, seremos resistência!”.

A advogada, jornalista e presidente da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB/SP, Heloisa Helena Cidrin Gama Alves, lembrou conquistas de direitos do público LGBTQIA+. “O que queremos não são privilégios. Nossos direitos estão previstos na Constituição Federal, que veda qualquer tipo de discriminação”, disse. Heloisa enfatizou a importância de decisões tomadas pelo STF, como o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo (2011); possibilidade de pessoas trans alterarem seu nome no registro civil sem a necessidade de ação judicial (2018); e aplicação da lei de racismo para os casos de LGBTfobia (2019).

Lana Lopes, Coordenadora Assistencial da Fundação do ABC, destacou ações realizadas na cidade. “Em 2021 levamos para as UBSs informações sobre direitos básicos, como chamar trans pelo nome social”, disse. Também lembrou que a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (2013) ainda precisa ser implementada efetivamente, mas ressaltou o trabalho desenvolvido na cidade. “Em nosso serviço ambulatorial, temos médico endocrinologista especialista para atender a população trans. É de suma importância isso ser uma política de Estado, e não só de Governo”, afirmou.

A médica psiquiatra Lara Canal Pantano falou sobre saúde mental do público LGBTQIA+. “Imaginem o preço que essa população sempre paga pelo simples fato de existir”, declarou. Ela lembrou fatos negativos que atingem a sigla: no ano passado o Brasil foi líder de assassinatos de LGBTQIA+; 40% da população trans tem ideação suicida; a fila para a cirurgia de confirmação de gênero é de 8 anos; essa população tem 3 vezes mais chance de desenvolver depressão e 1,5 vezes de transtorno ansioso. “É algo muito significativo. O preconceito adoece muito. O Sistema de Saúde infelizmente não consegue suprir essa necessidade”, afirmou.

No encerramento falou Vera Ronzella, drag queen interpretada pelo ator Alexandre Santucci. “O público gay sofre muita depressão quando chega na terceira idade. Por isso a minha luta é mais voltada para a nossa comunidade, que junta pode mudar essa realidade”, disse. Ela lembrou que a 1ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo ocorreu graças a uma drag queen chamada Kaká di Polly, que se atirou diante da polícia para que o evento ocorresse. “A gente não é só ‘close’ de show e beleza. Drags podem ser feitas por qualquer pessoa. É um alter ego e uma arte ainda marginalizada”, afirmou.

Apoios e brindes

Apoiaram o evento: Secretarias Municipais de Cultura e Saúde da Prefeitura de Itatiba; Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB/SP; Hotel Colonial; e Rodrigo Nunes Arte Floral. Foram, ainda, sorteados brindes de: Seja Lit/Farm, Loja 360º, Camarim Studio de Beleza, Empório Balardin, Aline Ferreira, School Thai, American Ink, Instituto Tera e Pilates Mariana Pacca, Clínica Canal Pereira e Uni Esmalteria.